Maracatu Ouro do Congo
O Maracatu Ouro do Congo é um grupo que pratica e vive a cultura do Maracatu de Baque Virado na Zona Sul da cidade de São Paulo, tendo como fundamento a Nação do Maracatu Encanto do Pina, sediada no bairro do Pina, na cidade do Recife - PE.
"Esse chão aqui tem história,
Peço licença pro povo saudar
Bato no peito é meu por direito,
Raiz é profunda tô aqui pra ficar"
- Trecho de toada do Maracatu Ouro do Congo.
Fundado em 2010, na Zona Sul da cidade de São Paulo, o Maracatu Ouro do Congo traz o compromisso com a tradição do Maracatu de Baque Virado, manifestação cultural tradicional pernambucana, tendo a Nação do Maracatu Encanto do Pina - sediada na comunidade do Bode, no bairro do Pina em Recife (PE) - como fundamento e referência de ritmos, de atuação sócio cultural-artística e de reverência à tradições transmitidas pela oralidade.
Durante esses 14 anos de existência, o grupo atua na região do Campo Limpo promovendo atividades que envolvem, principalmente, o fomento e a difusão dos saberes apreendidos e cultivados sobre o Maracatu de Baque Virado a partir de oficinas semanais gratuitas e da realização de apresentações artísticas na cidade de São Paulo e em municípios vizinhos. Assim como envolvem a construção e manutenção de instrumentos, o estudo e prática dos toques, ritmos e danças, além do estudo sobre trajes, símbolos, histórias e demais camadas que compõem essa manifestação cultural tradicional afro brasileira.
O grupo está sediado no Espaço Cultural CITA, localizado na Rua Aroldo de Azevedo, 20, Jardim Bom Refúgio, no distrito do Campo Limpo (SP), onde exerce seu trabalho sócio cultural, promovendo oficinas gratuitas para a comunidade e trabalhando pelo fortalecimento e acesso à cultura afro brasileira por meio de ações e eventos ao longo de todo ano. Todos os recursos gerados e captados são investidos na manutenção e continuidade do grupo e de sua sede, assim como na manutenção de vidas, difusão e intercâmbio com a Nação do Maracatu Encanto do Pina, além de Mestras e Mestres de Culturas Populares e Tradicionais e lideranças de diversas manifestações artísticas tradicionais do país.
O grupo tem como fundamento os ensinamentos transmitidos pela Nação do Maracatu Encanto do Pina. Fundada em 1980 e com sede na comunidade do Bode, no bairro do Pina (Recife/PE), a Nação tem como sua base de atuação a transformação social por meio da cultura. As atividades do Maracatu, além de fortalecerem a manifestação cultural tradicional em seu território de origem, organizam e fomentam a produção e difusão de saberes a partir da oralidade, ressaltando a relevância de conhecer e realizar a manutenção de memórias ligadas à força, afeto e construção de estratégias cultivadas e elaboradas por comunidades negras, periféricas e de terreiro. É a partir dessa base que o Maracatu Ouro do Congo é fundado e tem os seus projetos planejados e executados.
Histórico
Com uma agenda anual composta por ciclos de oficinas gratuitas, apresentações em equipamentos e espaços públicos e privados, realização de eventos e participações em eventos culturais, principalmente na Zona Sul de São Paulo, buscamos difundir no território a cultura do Maracatu de Baque Virado como um espaço social, cultural e artístico em que o público em geral possa se aproximar, aprender, contribuir e participar de trocas de saberes a partir dos ensinamentos transmitidos pela Nação do Maracatu Encanto do Pina.
Como ações de manutenção e continuidade das atividades, assim como na manutenção de vidas, realizamos durante todo o ano intercâmbios com Mestras e Mestres, lideranças comunitárias, artistas, batuqueiras e batuqueiros, pesquisadoras e pesquisadores, entre outros, ao produzir oficinas, eventos e rodas de conversas em que a oralidade é posta como meio de pesquisa e a escuta e troca de saberes é essencial para difusão e fortalecimento de memórias ligadas a manifestações culturais negras e periféricas.
Nos últimos anos, o Maracatu Ouro do Congo se comprometeu e realizou projetos que, para além das atividades no campo do Maracatu de Baque Virado, buscaram refletir sobre temas como Memória, Ancestralidade, Transformação social, Lutas contra violências de raça e de gênero, Tradições negras, Oralidade e Saúde. Como ações de formação, difusão e intercâmbio entre grupos e comunidades, produzimos, realizamos e participamos de projetos que articulam a pesquisa e atuação do grupo com a cultura do Maracatu de Baque Virado com pesquisas e trajetórias de figuras relevantes de manifestações culturais e tradicionais de diversas regiões do país, resultando em Apresentações Artísticas, Oficinas e Vivências para o grupo e para o público em geral, Formações, Palestras, Festival, Podcasts, entre outros. Assim, as atividades do grupo contribuem diretamente na dinamização, articulação e fortalecimento do grupo, de parceiros do território, lideranças, Mestras e Mestres, artistas e comunidades tradicionais, difundindo saberes negros e periféricos e fomentando a manutenção de vidas e tradições, tanto no âmbito social, cultural, artístico e econômico.
Entre os últimos projetos, citamos o projeto “DEBURU - Força pro Maracatu: 10 anos do Maracatu Ouro do Congo - cultivando uma cosmovisão afrodiaspórica” (2020), realizado em parceria com o Sesc Campo Limpo no ciclo “Do 13 ao 20 - (Re)Existência do Povo Negro”; o projeto “CACURUCÁ - Vamos vencer, na fé de Obaluaiê” (2020), pela Lei Aldir Blanc do município de São Paulo; a participação no projeto “NSABA” (2021), realizado pelo Candeia - Cultura e Educação, com o objetivo de compreender a função das plantas na cosmovisão afrobrasileira reconhecendo as comunidades tradicionais de terreiro como espaço primordial de preservação dos mais diversos saberes afrodescendentes; a realização de uma série de episódios de podcast para a rádio MIXTURA (2021); e a realização de seis edições do festival “XAXARÁ - Congo em Festa”, entre os anos de 2017 e 2024.
Citamos também a participação em projetos de grupos e comunidades parceiros no território do distrito do Campo Limpo e adjacências, como: Revirada Cultural da Resistência (2012), pelo Espaço Cultural CITA; FESTCAL - Festival de Teatro do Campo Limpo (2013); apresentações na Fábrica de Cultura Jardim São Luís (2014 e 2023) e Capão Redondo (2015); Circuito Municipal de Cultura de São Paulo (2016); Festival Dança nas Bordas (2017); Homenagem a 100 anos de Margarida Trindade (2017) e Festival Raquel Trindade (2019), pelo Teatro Popular Solano Trindade; Bloco Cachorro da Selva (2020); Feira Preta (2021); Circuito de Integração de Todas as Artes (edições até 2022); Casas de Cultura Campo Limpo (2017 e 2021), Butantã (2022), Guaianases (2020) e M’Boi Mirim (2024); Festival Percurso (2017 a 2024); Sesc Santana (2018), Vila Mariana (2023), Pinheiros (2023), Sorocaba (2023) e Bom Retiro (2024); Festival Batuques de Rochdale na Fábrica de Cultura Osasco (2023); Festival Ajeum - Raízes de Mercedes Baptista (2024); e Quebrada Cultural (2024), pelo Baque Atitude e Bloco do Beco.
XAXARÁ - Congo em Festa
Uma das principais ações do Maracatu Ouro do Congo é o festival XAXARÁ - Congo em Festa, produzido anualmente como resultado dos ciclos, formações e reflexões realizadas ao longo do ano, somado à experiência e trajetória do grupo. Atualmente, o XAXARÁ - Congo em Festa é considerado um importante evento de cultura tradicional negra e periférica, com foco na tradição do Maracatu de Baque Virado, no calendário cultural da Zona Sul da cidade de São Paulo, com um significativo alcance de público e a presença de inúmeros artistas de manifestações tradicionais e populares do país. O festival, que coloca em prática, expõe e compartilha com o público todo o trabalho desenvolvido pelo o grupo ao longo do ano, estabelece a criação de um espaço de resistência e afirmação de narrativas negras, periféricas e de terreiro, fortalecendo o intercâmbio de experiências entre diversos territórios do município de São Paulo e de outras cidades do Brasil e reverberando o espaço de sua sede enquanto território cultural de celebração de vidas e memórias.
O XAXARÁ - Congo em Festa promove uma programação para todas as idades e fomenta debates a partir, principalmente, da presença de pessoas com experiências em diversas áreas que envolvem o Maracatu de Baque Virado e outras expressões artísticas e manifestações culturais, levando em consideração os atravessamentos pelas questões relacionadas às discussões acerca de negritude e de gênero. O festival também se justifica pela difusão de fundamentos e práticas que sustentam o Maracatu de Baque Virado entre os moradores dos bairros do Campo Limpo, Capão Redondo, Vila Andrade e de municípios vizinhos como Taboão da Serra e Embu das Artes, dinamizando, por meio dessas pessoas, as esferas social, econômica e cultural nesses territórios e em municípios de outros estados, como, principalmente, o município de Recife, em Pernambuco.
Com periodicidade anual, o festival XAXARÁ - Congo em Festa já teve cinco edições. Em 2017, 2018, 2019 e 2022, foi realizado no Espaço Cultural CITA, sede do grupo desde 2012. Entre 2020 e 2021, devido a pandemia da COVID-19, o festival não pode ser realizado. Neste período, o grupo, com o apoio de editais emergenciais da cultura do município e do estado de São Paulo, atuou pela manutenção das atividades e da vida de seus integrantes e da Nação, destinando os recursos captados para atividades realizadas prioritariamente por meio de plataformas digitais. Em 2023, com apoio do Sesc, a quinta edição foi realizada no Espaço Cultural CITA e no Sesc Campo Limpo. Em seu segundo ano de parceria, a sexta edição contou com o apoio do Sesc e foi realizada em 2024, no Espaço Cultural CITA e no Sesc Campo Limpo.

Teaser • III Xaxará • Congo em Festa | na Força de Oyá •












